O preço do funk
- Giulia Requejo
- 3 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Giulia Requejo e Camilla Thethê
Da favela para o asfalto, ainda que o funk seja rodeado de preconceitos, não dá para negar que ele é um movimento cultural consolidado. Os batidões invadem os rolês de ponta a ponta do Brasil e, para que a ostentação seja uma realidade, os fluxos precisam de grana.
A lei de Incentivo à Cultura foi criada para ajudar os projetos culturais a conseguirem verba. Através dela, o governo libera uma quantidade de dinheiro a partir de um pedido feito pela organização do evento. No momento em que o valor é liberado, as organizações vão atrás de empresas patrocinadoras, que se financiarem o rolê pagam menos impostos.
Por meio da Lei de Acesso à Informação, que permite que qualquer pessoa veja os gastos do governo, conseguimos os dados dos financiamentos feitos por produtoras de Funk, Rock e Pagode. Nos últimos 10 anos, o Funk teve 12 projetos aprovados, enquanto o rock e o pagode tiveram 13 cada um. Entretanto, todos os rolês de funk juntos gastaram quase 2 milhões de reais a mais que todos os projetos os outros dois.
Segundo Ricardo Aparecido Madeira, ex cantor de funk e atual produtor artístico, o maior motivo do alto valor dado às produtoras de funk, são os fãs mesmo. “ Quem sustenta o funk é o público, senão os contratantes não vão ter dinheiro para pagar o cachê do artista. Existe o preconceito, mas até quem tem preconceito está curtindo, então tem muita hipocrisia”.
Uma das marcas do funk é a ostentação. O estilo começou na baixada santista, em São Paulo, e tem como características roupas de marcas, cordões de ouro, carros e motos de luxo, além de grandes mansões. O $cifrão$ está sempre presente em todas os momentos. Através dos dados repassados pelo governo, da para notar que as produtoras de funk usaram verbas maiores em seus eventos e produções musicais, sendo quase dois milhões a mais. Além disso, mesmo com todo o preconceito em cima do funk, houve apenas a diferença de um projeto a menos aprovado, comparado com o rock e o pagode.
Mesmo que o rock e o pagode sejam estilos musicais mais aceitos pela sociedade, o funk também é muito consumido e respeitado, principalmente pelas empresas financiadoras. Então, segue o baile e vamos curtir o rolê.
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