ELA É TOP
- Giulia Requejo
- 3 de dez. de 2019
- 4 min de leitura
Giulia Requejo

Da Baixada Santista pro mundo, Wallace Santos Ramos, conhecido como MC Bola, nunca negou suas origens. O cantor começou no samba, por incentivo da família, mas não demorou muito para os batidões encantarem os ouvidos dele. Dono dos hits “Ela é top” e “soltinha”, Bola embalou mundo afora, fazendo turnês pela Europa e América Latina. Com 20 anos de carreira e 40 shows por mês, o Mc afirma que ainda tem muitos bailes para percorrer, mas que vai louvar a Deus sempre que puder. Cola com a gente pra entender essa história um pouco melhor.
Segue o Baile. Por que “Bola”?
MC Bola. O Nenê, que é um tio de criação, sempre me chamou de Bola, porque eu sempre fui gordinho e neguinho. Bola, bola, bola, ficou nome artístico e eu não tirei.
SB. Do samba pro funk. Como foi essa transição?
MCB. A minha vó, na época de radio novela, nos anos 80, teve uma dupla (de samba) com a amiga Cilene, e (o amor pelo samba) foi chegando até a geração dos meus tios que fundaram um grupo de pagode em Santos chamado Ginga Brasileira. Eu acompanhava eles, sempre fui muito curioso, então gostava de estar nos bastidores e estúdios. En entrou o funk na minha vida, no final dos anos 90, porque tem uma rádio em Santos chamada Cultura Fm, e tinha o programa TOP FUNK Cultura, e eu passei a ouvir Jorginho e Daniel, Fred e Andrezinho, e sonhava em cantar funk, mas nunca sonhei em chegar onde cheguei hoje.
SB. Impossível falar de MC Bola sem falar de “Ela é top”. O que essa música representa para você?
MCB. Eu costumo dizer que “Ela é top” é meu RG. Existia o Mc Bola 13 anos antes de Ela é top, eu tenho 20 anos de carreira, mas era regional. Essa música me jogou para o Brasil e para boa parte do mundo. As minhas turnês na Europa ou na América do Sul, se não cantar Ela é top, não é o Mc Bola.
SB. Qual a história por trás de “ela é top”?
MCB. Eu estava começando a flertar com uma menina que hoje é a minha esposa. Ela trabalhava com a mãe dela e tinha um espelho muito grande no lugar, ela tirava foto nele e postava no Facebook. Não sei se vocês lembram, teve o lance das ações, então falava-se muito em Facebook. Deus me deu a benção e eu tirei o lance certeiro. Por isso falam que a minha mulher é a musa inspiradora, ela é também.
SB. Quem é sua maior inspiração?
MCB. O Catra. Ele é meu irmão, só não está presente na minha vida fisicamente. Eu já era fã dele quando ele cantava consciente, e já ia nos shows na baixada. Tive o prazer de conhece-lo em 2012 e pintou a oportunidade de gravar uma música. De lá pra cá a gente era unha e carne. Eu não sei se foi bom ou ruim pra mim, porque Deus sabe de todas as coisa, mas nos últimos dias do Catra, foi quando eu estive mais próximo dele. Em um dia, acabei dando uma passada para visita-lo na casa dele. nessa época, ele já estava no estado inconsciente. Toda vez que nos víamos, ele falava com aquela voz rouca dele "E AÍ BOLAAA", e caia na gargalhada. Dessa vez, ele me olhou e falou bem sereno /'E aí bolaaa" e riu. Depois de cinco dias, ele veio a falecer. Eu acho que ele não esperava que eu fosse ver ele. Po, a família dele é enorme, e ele não esperava que a nossa amizade era tão grande para que eu fosse visita-lo. O Catra vai estar sempre presente na minha vida. Esse ano eu gravo meu DVD de 20 anos e eu quero fazer uma homenagem para ele, porque é um cara que mudou meu patamar na música.
SB. O que mudou no funk nos últimos anos?
MCB. Ah, mudou muita coisa. Eu comecei cantando consciente, fui inserido nesse mercado do funk melody com o pop, que eu faço até hoje, mas o consciente está voltando com muita força. Hoje até a parte de grana mudou muito. A gente cantava com cachê de 50 reais, hoje em dia a molecada começa a cantar, estoura uma música no Youtube, o cachê vai lá em cima.

SG. Como você lida com as críticas?
MCB. Eu já passei diversos tipos de preconceito, de tudo o que você possa imaginar. No começo eu era mais vulnerável, eu ficava triste.Tem muitos comentários no youtube, depois do lance da internet, Acabam te ofendendo, ofendendo tua família. Hoje eu estou mais descolado em relação a isso. Eu acho que se aquilo te faz mal, é melhor nem ver.
SB. O que esperar do Mc Bola?
MCB. Muita coisa nova, casa nova, vida nova. To aprendendo muito com a minha entrada na GR6, porque eu já sou um jovem senhor, estou com 37 anos. Eu sei que eu tenho muito a passar para a molecada, mas eu tenho muito o que aprender com essa molecada. Molecada no bom sentido. Quem achou que o MC Bola bateu no teto, a gente vai passar do teto, porque minha carreira tem muito a crescer ainda.
SB. Qual mensagem você tenta passar com a sua música?
MCB. A minha principal mensagem é passar alegria e eu vou pegar o gancho da minha música nova, positividade, eu sempre fui um cara muito positivo. Hoje a minha maior missão é através do funk, em toda oportunidade que eu tiver, louvar o nome do senhor, porque sem Deus a gente não é nada.
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